A Comunidade das Formigas
Somos uma comunidade orientada pelos princípios da agroecologia e buscamos impactar positivamente toda a sociedade por meio da divulgação desses princípios.
Vivemos em um sítio de agricultura de base familiar e tudo o que fazemos aqui serve de base para que sejamos uma unidade demonstrativa de práticas sustentáveis e de inter-relação com o meio ambiente natural para uma educação complementar e formação de cidadania crítica.
Temos como objetivo a preservação e regeneração dos ecossistemas, soberania e segurança alimentar e experimentamos técnicas de cultivo agroflorestal, bioconstruções, saneamento ecológico entre outras tecnologias sociais, aplicáveis tanto no campo quanto na cidade, para tal.
Viver aqui
Nossas ações são possíveis pelo trabalho cooperado e solidário. As decisões são tomadas em consenso e orientadas para o bem comum. O mundo contemporâneo nos impele cada vez mais ao individualismo, viver em comunidade é um exercício diário e um desafio que requer escutar o outro… Seguimos aprendendo.




Para o futuro
Em janeiro de 2021 iniciamos um nova etapa de ocupação. Ao finalizar a construção de um reservatório de água e instalar o sistema de irrigação, estamos expandindo a área plantada com espécies pioneiras, ou seja, aquelas que geram matéria orgânica para ser incrementada ao solo, enriquecendo-o. Nesse sentido, estamos plantando também muitas árvores para produção de madeira e nativas para atrair polinizadores.

Um pouco da nossa história
Em 2016 adquirimos uma propriedade rural de 3 hectares (30.000m²) no município de Nísia Floresta – RN – Brasil. No primeiro momento pensamos em nos estabelecer como família e depois transformar o lugar em um ambiente social orientado pelos conceitos da agroecologia, compartilhando a terra e atraindo pessoas que tivessem interesse em produzir alimentos saudáveis, trabalhar pela autossuficiência e soberania alimentar e somar esforços para ações de impacto socioambiental na região em meio a relações solidárias.



Em 2019 colhemos as primeiras bananas que plantamos. Em 2020 os primeiros cajus e pitangas. Em 2021 os primeiros cocos e abacaxis. Em 2022 as primeiras mangas, acerolas e graviolas. Nos anos vindouros muitas outras frutíferas estarão produzindo como, açaí, cupuaçú, cacau, abacate, jaboticaba, seriguela, cajá-manga, fruta-pão, pitomba, fruta do conde, pitaia, limão, laranja, dendê.
Com a melhora no ecossistema temos avistado muitos pássaros, polinizadores e percebemos a volta de animais selvagens para a região.
Conheça a nossa região

Estamos localizados na área rural do município de Nísia Floresta em meio a um projeto de colonização rural iniciado em 1979 pelo governo do Rio Grande do Norte. À 13 km da capital e a 12 km da sede de Nísia Floresta, o projeto de colonização criou, inicialmente, a agrovila Cidade Hortigranjeira, no qual 49 famílias foram assentadas em áreas individuais de 5 hectares para plantio e, dentro da agrovila, uma casa. Hoje a Cidade Hortigranjeira é um bairro e tem em torno de 150 casas e 400 moradores.
Chamado de Projeto de Colonização de Alcaçuz, o assentamento produziu durante muito tempo em parceria com empresa privada e o Estado, porém, dentro do modelo de monocultura agrícola convencional, ou seja, utilização massiva de agrotóxicos e insumo externos.
A terra se degradou e a produtividade caiu. A realidade desse projeto, apesar de ainda ser um dos últimos redutos de agricultura familiar na região metropolitana de Natal, é que muitos dos assentados originais já venderam suas terras, não tem mais força produtiva, as novas gerações buscam trabalho fora da terra, submetendo-se a trabalho precarizado na cidade. O trabalho na terra deixa de ser valorizado e o êxodo rural se acentua.

Em 1998 foi construído o presídio de Alcaçuz, o maior do RN, ao lado da Cidade Hortigranjeira. Em função do presídio, a imagem da região como um polo de criminalidade se estabelece e é fato que a construção do presídio também trouxe instabilidade à comunidade que é de base agrícola.
Todo esse processo estimula ainda mais o abandono ou a subutilização da terra. Cada vez mais os agricultores se veem em uma situação de fragilidade e dependência socioeconômica, de perda de sua soberania e segurança alimentar, de descaso do poder público, ao mesmo que veem seu entorno tornar-se cada vez mais degradado do ponto de vista ambiental e sofrerem com o avanço da especulação imobiliária em uma região de grandes belezas naturais.

A degradação dos ecossistemas na região se intensifica e a desertificação ganha cada vez mais força. O município de Nísia Floresta tem 92% de sua área pertencente a uma Área de Proteção Ambiental (APA). Portanto, ecossistema reconhecidamente sensível e que requer esforço para sua conservação. O município conta com inúmeras lagoas, praias, dunas, mata atlântica, ou seja, ambiente biodiverso.
A agricultura praticada no município não tem viés agroecológico e o uso de defensivos tóxicos e adubos químicos é massivo. Por se tratar de um região de dunas, o uso de irrigação é praticamente obrigatório para a produção agrícola, o que afeta sensivelmente os lençóis freáticos. Esse é o cenário geral em Nísia Floresta que também é vivido a mais de 40 anos no Projeto de Colonização de Alcaçuz.
A agricultura torna-se, assim, inviável para os agricultores que já não veem resultados em suas plantações pois devem, a cada safra colocar mais adubos químicos para colher menos, e para todo o ecossistema que é degradado e contaminado por agroquímicos em meio a uso intensivo de irrigação que faz com que os lençóis freáticos estejam secando. Um estado de colapso socioambiental está no horizonte se não agirmos. Com a perda de cobertura vegetal, toda a região passa por períodos cada vez mais inconstantes de chuva, declínio de seus lençóis freáticos, nascentes, rios e lagos.

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